Em entrevista, a autora Mari Adriano compartilha os desafios e inspirações por trás de Nossos Medos.

           "A coragem começa na aceitação: enfrentando nossos medos"

Em entrevista, a autora Mari Adriano compartilha os desafios e inspirações por trás de Nossos Medos.

Em entrevista, a autora Mari Adriano compartilha os desafios e inspirações por trás de Nossos Medos.

Ao explorar a ansiedade e a fobia social, a autora entrega uma narrativa honesta e tocante que reflete o impacto dos medos em nossas relações e escolhas. Com personagens complexas e uma abordagem sensível, a obra destaca a importância de aceitar nossas vulnerabilidades e celebrar pequenos passos de progresso.

Na conversa, a escritora revela detalhes do processo criativo, desafios emocionais durante a construção da história e a mensagem que espera deixar nos leitores: a de que, mesmo sem soluções mágicas, é possível viver de forma plena e corajosa. Confira:



1. O que te inspirou a escrever Nossos Medos? Há alguma experiência pessoal por trás dos temas abordados?

Mari Adriano: A ideia de Nossos Medos nasceu da observação de como as pessoas ao meu redor lidam com suas inseguranças e, principalmente, da minha própria vivência com a ansiedade. Eu queria explorar como os medos moldam nossas decisões e relações, ora nos isolando, ora nos desafiando a crescer. Embora a história não seja autobiográfica, ela reflete sentimentos e situações que experimentei ou testemunhei.

2. Os bastidores da escrita sempre têm seus altos e baixos, quais foram os seus? Quais desafios você precisou superar?

M.A: Um dos principais desafios foi manter um equilíbrio entre a narrativa e o peso emocional dos temas abordados. Foi um processo catártico, mas cansativo. Além disso, precisei encontrar uma forma de equilibrar a escrita com minha rotina. Havia dias em que a inspiração fluía, mas eu precisava conciliar com outros compromissos — sou mãe e engenheira, além de escritora. Outro ponto foi a autocrítica: eu constantemente questionava se estava fazendo justiça aos temas delicados do livro. Era importante não apenas explorar as questões de forma honesta, mas também encontrar maneiras de oferecer esperança sem desrespeitar as complexidades das dificuldades emocionais das personagens. Superar isso exigiu lidar com a minha própria insegurança, me colocando justamente em um lugar semelhante ao das minhas personagens, aquele onde a gente se precisa — e quer — se expor, mas morre de medo dos olhares e julgamentos que essa exposição vai trazer.

3. Isadora e Bianca são irmãs gêmeas com características bem distintas, mas ambas enfrentam seus próprios medos. Como você desenvolveu essas personagens para que, mesmo diferentes, suas histórias se complementassem?

M.A: Desde o início, quis que Isadora e Bianca representassem lados opostos de como lidamos com o medo: Isadora se retraindo e Bianca aparentando força, apesar de carregar suas fragilidades. Para isso, trabalhei intensamente nas nuances de personalidade de cada uma. Isadora, com seu temperamento introspectivo e sensível, enfrenta seus medos de forma quase paralisante. Já Bianca, com uma postura mais extrovertida e assertiva, busca compensar suas inseguranças com uma força que, por vezes, a afasta das próprias emoções. Meu objetivo foi fazer com que elas não apenas contrastassem, mas também se complementassem, criando uma dinâmica em que, mesmo em conflito, elas se apoiam.

4. A ansiedade e a fobia social são questões centrais na trama. Qual foi o seu processo de pesquisa ou vivência para retratar esses temas de maneira tão realista e empática?

M.A: Quando mais jovem, eu certamente fui uma pessoa com ansiedade social. Nunca fui diagnosticada, mas olhando para trás eu vejo o quanto era paralisante o medo que eu tinha do julgamento alheio. Já na fase adulta, desenvolvi ansiedade generalizada e depressão — essas, sim, diagnosticadas e devidamente cuidadas pelos profissionais que me acompanham. Então, posso dizer que o processo de escrita de Nossos Medos partiu, inicialmente, das minhas vivências. Aliado a isso, senti necessidade de complementar meu conhecimento acerca do tema, então pesquisei bastante e li alguns livros antes e durante o processo de escrita do meu livro. Foi importante essa pesquisa, porque as sensações e os sintomas da ansiedade social são vários e eu precisava entender como eles se manifestam em outras pessoas, para não ficar limitada pelas minhas próprias vivências. Também estudei sobre as formas de “superar” essas dificuldades, para poder incluir na jornada de Isadora a sua evolução de maneira a encorajar aqueles que também precisam encarar o mundo lá fora.

5.  Em Nossos Medos, não há uma promessa de "cura" para os problemas de Isadora. O que te
motivou a seguir por essa abordagem mais realista, sem buscar uma resolução mágica?

M.A: Eu queria que a história fosse honesta. Ansiedade e fobia social não têm soluções simples ou mágicas, e muitas vezes o processo de enfrentá-las é lento e cheio de altos e baixos. Mostrar isso foi essencial para que os leitores sentissem que a trajetória de Isadora era real. Meu objetivo era enfatizar que pequenos passos podem ser vitórias enormes e que o mais importante é aprender a viver com suas vulnerabilidades de forma saudável. Optei por um desfecho em que Isadora aprende a se entender e a aceitar suas limitações, mostrando que o progresso emocional pode ser gradual e sem garantias de uma "cura" definitiva. Acredito que isso torna a história mais honesta e próxima das vivências reais dos leitores.

6. Você já pensou em expandir a história de Nossos Medos em uma sequência ou em explorar outros aspectos da vida das personagens?

M.A: Não era a ideia inicialmente. Mas agora que terminei de escrever Nossos Medos, vez ou outra me pego imaginando novas cenas, novas histórias dentro desse universo. Por outro lado, no momento estou focada em outros projetos. Ainda assim, se os leitores demonstrarem interesse, quem sabe?

7. 7. Você faz uma crítica sutil sobre como lidamos com nossos próprios medos. Qual mensagem você espera que os leitores levem ao final da história?

M.A: Espero que os leitores percebam que, por mais assustadores que nossos medos possam parecer, enfrentá-los vale a pena. Não importa o tamanho do progresso, cada passo é válido. Também quero transmitir que ninguém precisa enfrentar isso sozinho: aceitar ajuda, confiar em quem está por perto e ser gentil consigo mesmo são atitudes fundamentais. No fundo, Nossos Medos é sobre encontrar coragem dentro de si e reconhecer que, mesmo com imperfeições, todos merecemos nos sentir completos. Se um leitor puder sentir-se mais acolhido em suas próprias lutas internas após ler o livro, então sinto que a história cumpriu seu propósito.

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Sobre a autora: Mari Adriano nasceu em Florianópolis, casou com um Soteropolitano e tem dois filhos Curitibanos. Sonhou em cursar letras-português, mas acabou optando por estudar engenharia. Anos depois, voltou a sonhar com as letras e decidiu por colocá-las no papel, em forma de histórias.

Instagram do autor: @autora.mari.adriano

Para saber mais sobre o livro Nossos Medos”, clique aqui!



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