Por que contratar um leitor crítico?

Foto livro ler óculos óculos de leitura. Fonte: Imagem de congerdesign por Pixabay


Essa é uma pergunta que ouço frequentemente no meu trabalho. Apesar da procura por leitores críticos ter crescido nos últimos anos, ainda há muitos escritores que desconhecem a real importância desse serviço, seja durante ou após a criação de um manuscrito.  


Quando estamos imersos no processo de escrita, tudo o que temos em mente parece fazer sentido: os diálogos, os personagens, os cenários, a trama como um todo. No entanto, é comum estarmos tão envolvidos em nosso próprio universo que acabamos deixando passar detalhes importantes. Durante o processo criativo, é essencial "deixar o rio fluir" – ou seja, permitir que as ideias se manifestem livremente no papel, sem interrupções. Parar a todo momento para analisar cada aspecto pode comprometer o ritmo da escrita e até provocar bloqueios criativos.  


E é exatamente aí que entra o papel do leitor crítico. Esse profissional avalia o texto de forma imparcial, destacando pontos que o autor, por estar tão próximo da própria obra, muitas vezes não consegue enxergar. Uma cena pode fazer total sentido na mente do escritor, mas é fundamental lembrar que a história precisa funcionar para quem está do outro lado da página: o leitor. Afinal, não estaremos ao lado dele para explicar nossas intenções. Ou o texto é claro o suficiente para transmitir a mensagem, ou o leitor ficará perdido.  


Quando o texto apresenta incoerências, personagens superficiais, diálogos artificiais ou um ritmo descompassado – seja ele rápido ou lento demais –, tudo isso afeta diretamente o envolvimento do leitor com a narrativa. E todo leitor deseja se emocionar, se conectar com a história ao ponto de se sentir parte dela. O leitor crítico está ali justamente para avaliar se o texto proporciona essa experiência.  


Lembro-me de uma leitura que me deixou completamente frustrada. Na época, eu era apenas uma blogueira literária, compartilhando minhas opiniões sobre livros na internet. Ainda engatinhava no meio literário e não fazia ideia do que era leitura crítica – era apenas uma leitora apaixonada compartilhando suas impressões com seus poucos seguidores.  


Certa vez, comprei um livro cuja sinopse prometia muito. A protagonista se apaixonava pelo cunhado poucos dias antes do casamento. Como não criar expectativas, não é mesmo? No entanto, assim que comecei a leitura, percebi que algo não estava funcionando. Por mais que eu quisesse mergulhar naquele universo, parecia haver uma barreira me impedindo. As ações das personagens eram rápidas demais e incoerentes: a protagonista dizia uma coisa e fazia outra. O relacionamento entre o casal principal se desenvolveu de forma tão apressada que, quando me dei conta, já estava no final da história. Não consegui me emocionar, apenas observava o texto com estranhamento. Desde o início, meu "eu leitor" lutava contra o enredo, e isso arruinou completamente minha experiência.  


Naquela época, eu não tinha conhecimento técnico para entender ou apontar o que havia dado errado. Apenas sentia a frustração de uma história que tinha potencial, mas não entregou o que prometia. Hoje, quase vinte anos depois, consigo identificar os problemas: falhas no arco da personagem, inconsistências na trama, ritmo desajustado e outros aspectos estruturais. Não era questão de gosto pessoal, mas sim de estrutura narrativa.  


É compartilhando essa vivência que ressalto a importância do serviço de leitura crítica. Ele é essencial para garantir que a história alcance todo o seu potencial antes de chegar às mãos dos leitores. Todo autor deseja criar uma experiência inesquecível, e é exatamente aí que o leitor crítico se torna um parceiro indispensável no processo de lapidação do texto.  


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